quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Memória de São João XXIII e 61 anos da ABERTURA do Vaticano II

 



Dia 11 de outubro

MEMÓRIA DE SÃO JOÃO XXIII

e dos 61 anos da ABERTURA DO CONCILIO VATICANO II

 


REVISTA FAMILIA CRISTà                                                      

Edição: Julho/2012

Seção: Vaticano II                                                                         

Toques: 2.066

Autor: Padre José Oscar Beozzo

Título: Abre-se o Concílio 2

 

Ao cair da noite: “Guardate la luna”!

 

Uma procissão luminosa percorreu as ruas de Roma na noite daquele 11 de outubro, dia da abertura do Vaticano II.

Queria recordar, assim, a espontânea e entusiástica homenagem que, ao final do Concílio de Éfeso (431), o povo da cidade, numa alegre procissão, à luz de tochas, prestara a Maria, proclamada pelo Concílio,  Teótokos”, Mãe de Deus.

João XXIII havia escolhido de propósito esta festa da Maternidade de Maria, para a abertura do Concílio e agora, diante daquele mar de velas acesas que invadira a Praça de São Pedro e suas ruas adjacentes, assomou ao balcão dos aposentos pontifícios para abençoar a multidão:

Olhai a lua!

Esta se levantava no horizonte, iluminando a noite. O Papa emocionado dirige-se ao povo e brota dos seus lábios, inteiramente de improviso, um segundo discurso de abertura do Concílio, diferente daquele da manhã longamente meditado e amadurecido e dirigido aos cardeais, patriarcas, bispos e aos grandes da terra.

Naquele cair da noite,  volta-se para o povo miúdo da cidade saído dos bairros populares e para os peregrinos do mundo todo que haviam acudido a Roma para a abertura do Concílio.

Inicia um diálogo com a multidão:

 

Caros filhos, escuto suas vozes. A minha é uma só, mas retoma as vozes todas do mundo; e aqui de fato o mundo está representado. Dir-se-ia que até a lua se apressou nesta noite… Observai-a no alto a contemplar este espetáculo… Concluímos uma grande jornada de paz… Sim, de paz: “Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade”.

A minha pessoa nada conta: é um irmão que fala a vocês, um irmão que se tornou pai pela vontade de Nosso Senhor… Continuemos, pois, a nos querer bem deste modo no encontro: tomar aquilo que nos une e deixar de lado, alguma coisa que possa nos colocar em dificuldade…

Voltando para casa, vocês encontrarão as crianças. Façam-lhes uma carícia e digam-lhes: “Esta é a carícia do Papa”. Encontrarão talvez alguma lágrima para ser enxugada. Tenham para quem sofre uma palavra de conforto. Que saibam os aflitos que o Papa está com seus filhos, especialmente nas horas de tristeza e amargura…

E, então, todos juntos nos amemos: cantando, suspirando, chorando, mas sempre cheios de confiança no Cristo que nos ajuda e nos escuta, retomemos nosso caminho.

Adeus, filhinhos!

Acrescento à bênção o augúrio de boa noite (DCM IV 592-593).

 11 de outubro de 1962


Nas anotações desse dia: Fiat voluntas tua. 

Terminado aquele dia memorável e cheio de emoções, o Papa, que acabara de ser  prevenido por seu médico, poucos dias antes, acerca da grave enfermidade, que o acometera e que o levaria à morte, faz serena entrega de sua vida a Deus. Este lhe permitira abrir o Concílio, mas certamente lhe pediria que o entregasse ao seu sucessor, para seu prosseguimento e conclusão.

Escreve o Papa em sua agenda:

11 de outubro – quinta-feira.

Esta jornada assinala a solene abertura do Concílio Ecumênico. A notícia está em todos os jornais e, em Roma, nos corações exultantes de todos. Agradeço ao Senhor por não fazer-me indigno da honra de abrir, em seu nome, este início de grandes graças para sua Santa Igreja

Ele dispôs que a primeira centelha que preparou durante três anos este acontecimento tivesse saído da minha boca e do meu coração.

Estava disposto a renunciar também à alegria deste início.

Com a mesma tranquilidade repito o “Fiat voluntas tua” [seja feita a tua vontade], a respeito do manter-me à frente deste primeiro posto de serviço, por todo o tempo e em todas as circunstâncias de minha humilde vida, e acerca do sentir-me obrigado, a qualquer momento, a passar ao meu sucessor esta tarefa de proceder, continuar e concluir [o concílio].

Fiat voluntas tua, sicut in coelo et in terra [Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu] (Mt 6, 10)” (Roncalli G. Pater Amabilis, Agende del Pontefice: 1958-1963, p. 441).

 

Padre José Oscar Beozzo é estudioso da história da Igreja Católica na América Latina, Coordenador Geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular/CESEEP e vigário da Paróquia de São Benedito, na diocese de Lins (SP).

 

 

 

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